quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Movimento Social na Cibercultura

"A emergência do ciberespaço é fruto de um verdadeiro movimento social..."
A relação entre o desenvolvimento de tecno-indústrias e fortes correntes culturais ou fenômenos de mentalidade coletiva tem se tornado muitas vezes estreita. Como exemplo o automóvel, o mérito do crescimento acelerado dessa industria não se deve a fabricação, apenas, mas sim ao incentivo midiático de clubes, postos de gasolina, revistas, competições esportivas, Tv, etc. "O automóvel respondeu a uma imensa necessidade de autonomia e de potência individual. Foi investido de fantasmas, emoções, gozos e frustrações.[..]O desejo é motor."
O ciberespaço é uma forma de utilizar as infra-estruturas existentes, por mais imperfeitas e disparatadas que sejam, ele visa um tipo particular de relação entre pessoas. "O correio como infra-estrutura técnica existia havia séculos, mas os europeus da Idade Clássica, ao inventarem a nova prática da correspondência numerosa e normal entre individuos, atribuíram-lhe um âmbito de civilização, investiram-na de um porfundo significado humano."
O movimento social californiano teve como resultado prático o preço dos computadores, no fim dos anos 70, acessível à pessoas físicas. O significado da informática foi totalmente transformado. A informática pessoal não foi decidida, nem prevista por governo ou alguma multinacional, pelo contrário, seu inventor e principal motor foi um movimento social visando a reapropriação em favor dos indivíduos de uma potênca técnica.
O ciberespaço, assim como o oceano, tem muitos rios que o alimentam como: redes independentes de empresas, de associações, de universidades, sem esquecer as mídias clássicas (bibliotecas, museus, jornais, televisão, etc.) e a própria Internet.
A Internet, símbolo e principal florão do ciberespaço, é um dos mais fantásticos exemplos de construção cooperativa internacional, a expressão técnica de um movimento que começou por baixo, constantemente alimentado por uma multiplicidade de iniciativas locais.
O texto traz como "verdadeiro" uso da rede telefônica e do computador pessoal o ciberespaço, como prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitário, o ciberexpaço como horizonte do mundo virtual vivo, heterogêneo e intotalizável no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
De acorodo com o texto, foram três os principios que orientaram o crescimento inicial do ciberespaço são eles:

1)Interconexão:
Pode-se dizer que uma das pulsões mais fortes na origem do ciberespaço."Os veículos de informações não estariam mais no espaço, mas, por meio de uma espécie de reviravolta, todo o espaço se tornaria um espaço envolvente.[...]A cibercultura aponta para uma civilização da telepresença generalizada.[...]A interconexão tece um universal por contato".

2)Criação de comunidades virtuais:
O desenvolvimento das comunidades virtuais se apoiam na interconexão. São criadas de acordo com afinidades (interesse,conheicmento,projetos, etc.) em um processo de troca, independendo das condições geográficas e das filiações institucionais.
Contrário ao que muitos imaginam, as relações na rede não são "frias"... possuem emoções! Isso não quer dizer que substitua o contato físico direto, mas o complementa!
"O cinema não eliminou o teatro, deslocou-o. As pessoas continuam falando-se após a escrita, mas de outra forma. As cartas de amor não impedem os amantes de se beijarem. As pessoas que se comunicam por telefone são também aquelas que mais se encontram outras pessoas."
O texto traz um termo muito bem colocado sobre as regrinhas de convivência das comunidades virtuais. É a Netiqueta! "A moral implicita da comunidade virtual é em geral a de reciprocidade". Fora disso, a liberdade de expressão é totalmente encorajada, os internautas são opostos a qualquer forma de censura...
"As comunidades virtuais exploram novas fornas de opinião pública"
A respeito de tipos de manipulações e falsas identidades que são tratados na sociedade como um problema, o autor revela que é possível que isso aconteça nas comunidades virtuais assim como em qualquer lugar!
"Uma comunidade virtual não é irreal, imaginária ou ilusória, trata-se simplismente de um coletivo mais ou menos permanente que se organiza por meio do novo correio eletronico mundial".

3)Inteligência Coletiva:
Seria a perspectiva espiritual, a finalidade última da cibercultura. Ela constitui mais um campo de problema do que uma solução. O melhor uso que pode-se fazer do ciberespaço é colocar em sinergia os saberes, as imaginações, as energias espirituais daqueles que estão conectados a ele.
Com a extensão do ciberespaço um bom número de restrições desapareceu e "podemos pensar modos de organização dos grupos humanos, estilos de relações entre os indivíduos e os coletivos radicalmente novos, sem modelos na história e na sociedade animais".
A inteligência coletiva, enfim, seria o modo de realização da humanidade que a rede digital universal felizmente favorece...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises de conhecimento científico no século XX

"Estamos perante processos de mudança altamente contraditórios e desiguais, variáveis na sua intensidade e até na sua direção"(Santos, 2001:19)

As transformações que estão ocorrendo nas relações e nas formas de organização da sociedade estão relacionadas com as mudanças e avanços científicos e tecnológicos. Nesse contexto a escola se posiciona entre as influências do global e do local; sendo influenciada e também influenciando.

"De acordo com Bohm (1989:143), o pensamento e a ação humana dependem da noção geral de ordem que se tem em um dado momento histórico, em uma dada sociedade". Logo, só ocorrem mudanças na sociedade, ou em qualquer área da vida, quando muda a idéia geral de ordem. Percebe-se essas diferentes ideias de ordem na comparação da cosmovisão da sociedade Medieval, Moderna e Contemporanea.
A cosmovisão medieval é de uma ordem atemporal (eterna) com cada coisa em seu lugar natural.
Na cosmovisão moderna, com inlfuencias hoje, as formas de pensamento e de conceitualização estão relacionadas à linguagem e às tecnologias da escrita.

"A escrita, por separar o conhecedor do conhecido, estabelece condições para o distanciamento e a objetividade, no sentido de um desprendimento individual(Ong. 1998:57)"

A ciência é o modo de conhecimento dominante e a aprendizagem um processo individual. Há um esfacelamento, uma fragmentação e simplificação do todo para que o homem possa manipular e dominar o real; o saber assume assim um caráter instrumental, ou seja, um meio pelo qual o homem manipula as coisas e estabelece o domínio sobre esse real.
Na nova cosmovisão que se confugura frente a essas mudanças, a relação do homem com a natureza é considerada interativa, estando a base do conhecimento no movimento das relações.
O tempo não é mais considerado como uma dimensão externa ao processo e sim como emaranhado dele. O presente se define como aquilo que muda de natureza, o sempre novo, a eternidade da vida. Presente, passado e futuro condensa-se ou contraem-se um no outro.
Passa-se a privilegiar a heterogeneidade e da diferença como forças libertadoras na redefinição do discurso cultural.
A cosmovisão contemporânea tem mostrado que nenhum sistema pode ser visualizado como se fosse autodeterminado, pois este se encontra impregnado pelo viés de quem está enunciando.

-> A Práxis pedagógica

A escola atual trabalha no sentido da reprodução e transmissão do modelo hegemônico, fechado á exterioridade.
a comunicação precária entre o mundo escolar e o mundo fora da escola tem trazido consequências como alto indice de reprovação e ecasão escolar. O convívio não pacífico entre as diferentes noções de ordem levam a escola à crise e a Educação a um processo fechado, formalista.
Os professores não conseguem sair do casulo em que se encontram protegidos e perceber as mudanças que estão ocorrendo no mundo, dentro e fora da escola.
Tendo como base a existência de um conhecimento "verdadeiro" que deve ser transmitido ao aluno, sendo o professor o detentor e controlador dessa verdade; a escola, o modelo pedagógico sujeitam os alunos e professores ao papel de copistas, receptores e reprodutores de conhecimento alheio.
O papel da tecnologia como coloboradora do processo de aprendizagem deve ser vista não apenas como o fazer, mas também como o dizer, o entender, o intencionar o que se faz. A educação deve ser entendida como um espaço para além da escola.
Marques (1996) entende a educação como interlocução de saberes sempre em reconstrução, ou seja, para que haja educação é fundamental que aconteça um diálogo de saberes e essa dinâmica acontece em todos os espaços sociais.


Maria Helena Silveira Bonilla

quarta-feira, 1 de setembro de 2010